quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Visita da 25ª Feira do Saber


E.E. Menino Jesus de Praga realiza um trabalho exemplar com seus alunos através da 25ª Feira do Saber
Alunos da 5ª série participam com o tema: "Gêneros Textuais"

Maquetes foram montadas para demonstração

Alunos explicam os assuntos detalhadamente

O número de visitantes foi muito bom

E a participação dos pais também

Fizeram um trabalho de pesquisa com meus desenhos

Foram expostos banners com os meus cartuns, charges e caricaturas

 O aluno Guido deu um show de esclarecimento

Tudo era detalhadamente explicado por ele

Alunos com uma maquete de uma charge minha

Jam Session de quadrinhos: "O CRIME DO TEISHOUKO PRETO"

terça-feira, 19 de agosto de 2014

"25ª Feira do Saber" da Escola Menino Jesus de Praga Apresentará Stand Sobre o Meu Trabalho

Alunos da E.E. Menino Jesus de Praga
vistam a Casa Ziraldo de Cultura para trabalho de pesquisa
sobre a minha profissão de cartunista.

Depois de um bate papo, fizeram perguntas e tiraram dúvidas.

Com a turma de pesquisa sobre "Caricaturas"

Com a turma de pesquisa sobre "Charges"

Com a turma de pesquisa sobre "Cartuns"

Com a turma de pesquisa sobre "Quadrinhos"

Com a turma de pesquisa sobre "Literatura infantil"

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Edra, Um Incentivador da Cultura

Cartunista Edra

Élcio Danilo Russo Amorim. Esse é o nome de um caratinguense que fez e ainda faz muito pela cultura. Edra, como é conhecido, iniciou como desenhista arquitetônico. É cartunista, designer gráfico, produtor cultural e editor. Também é diretor da Casa Ziraldo de Cultura, espaço que tem papel fundamental na descoberta de novos talentos da cidade. Nesta entrevista ao DIÁRIO, ele conta um pouco do início de sua carreira e de alguns episódios que marcaram a sua vida profissional. E claro, ele não deixa de citar o ilustre caratinguense Ziraldo Alves Pinto, a quem chama de ídolo.

Quando você começou a se interessar por charges e quadrinhos? 
Quem te influenciou? 
- Quando criança gostava muito de desenhar, o que é natural nesta fase. Sempre me destaquei em sala de aula, não só pelos desenhos, mas também pela minha habilidade manual, o que acabava me levando a fazer os trabalhos dos meus colegas também. O meu interesse pela ilustração, mais precisamente pelas charges e cartuns, se deu por meio dos livros. Durante a infância, adorava ler a “Revista Recreio” (mais do que revistas em quadrinhos), que além de passatempos interessantes que estimulavam a criatividade, trazia também textos de autores conceituados da literatura infantil e belas ilustrações. Tinha o hábito de ler jornais e quando me deparava com as charges, achava engraçado, e ao mesmo tempo, muito interessante pelas mensagens que transmitiam. Sempre ligado em futebol não saía das bancas de revistas para comprar o “Jornal dos Sports” e a “Revista Placar” que estampavam, em sua última página, charges e tirinhas do genial Laerte que, ao contrário do que muita gente imagina, foi ele, antes do Ziraldo, que despertou em mim a curiosidade pelo universo das charges, me influenciando diretamente. Ali eu me deparei com três paixões que me moviam: o desenho, o futebol e o humor. Despertei para o assunto e comecei a criar e rabiscar os meus primeiros desenhos de humor. Por ser muito tímido e inseguro, não mostrava para ninguém e engavetava todos.
No primeiro trabalho como desenhista arquitetônico.

E quando esta habilidade começou a se tornar sua profissão de fato? 
- Comecei a trabalhar aos 15 anos como desenhista arquitetônico. Esse trabalho me deu conhecimento de perspectiva, ângulos e tal. Aos dezoito anos, meu primeiro desenho foi publicado por uma revista de humor de Curitiba em troca de uns trocados como colaborador. 
No mesmo ano, tive um desenho selecionado no Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Isto foi me dando segurança e a sensação que eu levava realmente jeito pra coisa. 
Em 1980, morando em Brasília e ainda trabalhando com desenho arquitetônico, resolvi ir de encontro ao meu grande sonho. Precisei enfrentar minha timidez peculiar e, com minha pasta de desenhos debaixo do braço, fui até o jornal “Correio Braziliense”. Assim que o editor deu as primeiras foleadas começou a rir e a mostrar para os colegas de redação, depois virou pra mim e disse: “quer começar amanhã?”. Abri mão de uma profissão segura e rentável na época e fui, literalmente, com todo risco, trilhar um novo caminho. 

Quando e como foi o seu primeiro contato com Ziraldo? 
- Meu primeiro contato com Ziraldo foi em 1977, no aniversário de 70 anos do pai dele, o Sr. Geraldo Alves Pinto (que hoje dá o nome a rua onde moro), comemorado aqui em Caratinga. Na ocasião, tremendo da cabeça aos pés, mostrei a ele a pasta com os meus desenhos que estavam engavetados há uns quatro anos. 
Tempos depois, em 1998, já profissional, pedi a ele um prefácio para o meu livro de cartuns “Se Rir, Eu Choro”. Ele nem sabia mais quem eu era, mas conheceu e gostou do meu trabalho. Depois de uns quatro meses de telefonemas, recebi o prefácio com um belo texto, por coincidência, no dia do meu aniversário. Mas nossa aproximação foi demorada. Dois anos depois, ele voltou a me atender em outro pedido, criando o cartaz do 3º Salão de Humor de Caratinga e mesmo sendo convidado desde a primeira vez, só marcou presença, finalmente, na 6ª edição, em 2004, quando voltou a assinar o cartaz do evento, e na sequência desenhou também os do sétimo e oitavo salão. 
O Salão virou referência internacional entre os cartunistas e por onde andava, o Ziraldo ouvia elogios, inclusive na China. Em 2006, num encontro que tivemos em Brasília, ele se aproximou de mim, fez a maior festa e bem ao seu jeitão gritou: "este menino é doido! Ele realiza em Caratinga, um Salão Interrrrrrrrnacional de Humor que é uma maravilha!" Daí, veio a pergunta: “quantos cartazes já fiz para o Salão?”. Quatro, respondi. Ele colocou a mão sobre os meus ombros e disse: “pois agora quero desenhar todos daqui pra frente, até eu morrer! Respondi de bate pronto: “vida longa pra você, meu mestre!”. 
Com o passar dos anos, cresceu a nossa amizade, a confiança e fizemos muitas parcerias em edições de revistas, jornais, culminando na edição do livro “Ninguém Segura Caratinga”, amplamente divulgado em suas entrevistas, concedidas nos programas do Jô Soares, Leda Nagle e Amaury Júnior e lançado com sucesso em Brasília, Rio e São Paulo. Assim chegamos até a criação da Casa Ziraldo de Cultura.

Ziraldo: ídolo e parceiro em vários projetos.
Você também tem uma história com o DIÁRIO DE CARATINGA. Durante muito tempo as suas charges foram destaques nas capas do impresso. Como você começou a fazer este trabalho para o jornal?
- Minha história com o Diário de Caratinga é um capítulo muito significativo em minha vida profissional e tem um valor pessoal muito importante por vários aspectos. Fazer charge numa cidade do interior, onde os fatos e as pessoas estão estreitamente interligados, seja nas ruas, atividades profissionais ou sociais, não é nada fácil. Este um dos fatores primordiais para que eu aceitasse este desafio. O propósito era ter uma atuação cidadã mais acentuada na cidade onde nasci e que tanto amo. Foi justamente num dos momentos mais dramáticos da nossa cidade (as enchentes de 2003 e 2004) que voltei a desenhar para o Diário. Antes, em 1997, fiz charges quando ainda era Diário do Aço/Caratinga, que originou o livro “Bagunçaram o Meu Coreto”. 
Quando completei dez anos no jornal, tinha feito mais de 2000 charges que abordavam os mais variados temas, desde os mais amenos, passando pela rivalidade entre os atleticanos e cruzeirenses, até os acontecimentos mais polêmicos. 
O fruto desta parceria foi registrado com a edição de cinco livros de charges que considero um marco importante na história da nossa comunicação e da minha vida também! 

Sendo você o idealizador e edificador da Casa Ziraldo de Cultura, qual a sua avaliação durante este período de funcionamento em Caratinga? 
- Um divisor de águas. Embora, ainda esteja funcionado, desde sua fundação, com apenas 30% das ações pensadas em sua concepção, a Casa Ziraldo de Cultura vem cumprido o seu papel, impulsionando a vida cultural em nossa cidade e estimulando novos talentos e valores culturais, por meio de atividades artísticas dos mais variados segmentos. 
Outro ponto de destaque é o resgate de nossa história. A Casa Ziraldo de Cultura é palco de homenagens para aqueles que deram sua contribuição, deixando um rico legado para o cenário cultural caratinguense. 
Já contabilizamos mais de 300 eventos, então, basta imaginar que se não tivéssemos conquistado esta estrutura, muitos deles não poderiam ter sido realizados. Muitos artistas queriam realizar alguma atividade e não conseguiam um espaço adequado, outros foram estimulados a colocar pra fora a sua capacidade criativa a partir do momento que passaram a adquirir este respaldo. Um espaço democrático, um ideal coletivo. 
Ali é a casa de todos os artistas e agentes culturais de Caratinga, consagrados ou não; iniciantes e aprendizes de todas as manifestações artísticas, sem nenhum ônus, tanto para quem se apresenta quanto para o público visitante. Um espaço privilegiado que possibilita o acesso de todos, o que é, sem dúvida, muito importante. 
Portanto, a Casa Ziraldo é hoje uma das vertentes que impulsiona a evolução de nossa cidade, não tão somente na parte cultural, mas também no social, no turismo, servindo ainda, de referência para criações de outros espaços, o que é muito salutar. 
Neste ano completamos cinco anos de fundação. Agradeço ao prefeito Marco Antônio por estar à frente deste trabalho novamente, mantendo em mim, a esperança, de que terei todo o apoio necessário para o funcionamento em sua plenitude conceitual, conforme foi idealizado e implementação de várias atração culturais para a nossa cidade.
Casa Ziraldo de Cultura. Inaugurada em 28 de novembro de 2009.

Como surgiu o Salão de Humor de Caratinga? 
- Já cartunista profissional, em Brasília, participando de vários salões de humor no Brasil e exterior, idealizei um salão de humor em Caratinga, mesmo sem ter conhecido nenhum pessoalmente. Não tinha a menor ideia da dinâmica deste evento. Contudo o nosso salão de humor começou grande, tanto pela quantidade, quanto pela qualidade dos trabalhos recebidos, com inscrições de artistas de 45 países, atraídos pela oportunidade de participar de um salão, justamente na terra onde nasceu Ziraldo, um ícone dos cartunistas, uma das maiores referência do desenho de humor mundial. 
O primeiro salão de humor foi realizado no 150º aniversário de Caratinga, em 1998. Mais tarde, instituí o “Troféu Pererê” para que o evento fosse uma homenagem perene ao Ziraldo, o que ajudou a projetar o nome da nossa cidade, por meio de sua criatividade e pelo talento dos seus traços. 
Pela organização e credibilidade adquirida ao longo de doze edições realizadas, o Salão Internacional de Humor de Caratinga é o principal do nosso estado e está entre os cinco maiores do Brasil. 

Qual é a importância dos salões de humor para o chargista? 
- Ao expor os trabalhos originais dos artistas, o Salão de Humor, promove o encontro entre os vários públicos participantes, abrindo importantes canais de comunicação, especialmente, aos que não tem acesso aos grandes jornais, revistas e livros ou até mesmo aos que não tem o hábito da leitura, além de proporcionar aos visitantes ligados a arte, o contato com as mais variadas técnicas e estilos. 
A resposta do público é enorme, pelo fato do humor ter uma linguagem universal e pelo grande fascínio que a beleza plástica do desenho exerce nas pessoas, criando um apelo a mensagem que cada artista procura passar. 
Durante a realização do evento, a cidade e região se mobilizam para visitar, discutir e refletir sobre os trabalhos expostos. Eles representam a visão de artistas de todas as partes do mundo sobre os mais variados temas, como: meio ambiente, fome, desigualdade social, violência, política, guerra, racismo, entre outros. Todas as pessoas que visitam o salão saem de lá tocadas, ninguém fica indiferente, o que torna ainda mais gratificante a realização de um evento desta natureza. 
Uma forma de fomentar a cultura, levando às pessoas informação, consciência social e diversão por meio do entretenimento, estimulando também, o contato entre autores, público e afins. 

Você foi premiado no 4º Salão de Humor de Juiz de Fora, após ter ficado afastado por um tempo dos salões. Conte-nos um pouco sobre isso. 
- No início da minha carreira fui selecionado em vários salões e passar por este crivo sinaliza que você tem potencial. Mais tarde vieram algumas premiações, inclusive no exterior (Argentina e França). Depois, fiquei muitos anos sem participar, envolvido com tantos outros projetos profissionais e de vida. Em 2012, ensaiei um retorno e enviei trabalhos para dois salões. Fiquei em 2º lugar em Juiz de Fora e emplaquei dois cartuns num concorridíssimo, em Brasília. Deu pra animar, mas infelizmente, até hoje não voltei a participar de nenhum outro, a não ser como convidado, jurado, ministrando oficinas ou lançando livros.

Salão Internacional de Humor de Caratinga

Qual é o grande problema que o chargista enfrenta? 
- Financeiro....(risos). Além enfrentar um mercado de trabalho muito restrito. Para aproveitar o gancho da pergunta vou complementar minha resposta com uma revelação que pode surpreender a muitos. Pode parecer estranho, mas a atividade que menos exerci ao longo desta minha trajetória foi a de desenhar. Deus me deu o dom, tenho a mão boa, mas acho que poderia desenvolver mais o talento e obter mais sucesso como cartunista, se me dedicasse mais a arte de desenhar. 
Ao contrário dos artistas que vivem exclusivamente de seus traços e que entram numa redação, agência ou em seu próprio estúdio e passam ali oito horas ou mais, apenas criando, desenhando e pintando, eu segmentei minha profissão diagramando, editando, criando logomarcas, sendo dono de loja de roupas infantil, de gráfica, produzindo catálogo telefônico, vendendo brindes, fazendo propaganda e, na minha agitação cultural, fundei blocos de carnaval, promovi mais um tanto de eventos, e foram muitos anos de luta e horas de sono perdidos para realizar doze salões de humor e criar a Casa Ziraldo de Cultura. 
Nesta correria, para poder unir uma atividade às outras, não me sobrava muito tempo para me dedicar à prancheta e sempre fiz as charges a toque de caixa, sem muitas elucubrações, com desenhos toscos e sem burilar as ideias. 

Pra quem você daria destaque no cenário nacional de cartuns? 
- Além do Ziraldo, é claro, destaco o Maurício de Souza, pela representatividade de sua obra no mercado editorial de quadrinhos. Hoje, pelo contato que tenho com praticamente todos os artistas desta área no país e pelo conhecimento que tenho do grande talento de todos eles, formaria uma fantástica seleção com feras das antigas e atual geração que faço representar aqui, pelos geniais e meus ídolos: Angeli e Laerte. 

Tem algum tipo de piada que você não faz de jeito nenhum? 
- Sim, inúmeras. 

Atualmente, existe algum tipo de censura? 
- O tempo todo e maquiada de várias formas. O Brasil vive uma “falsa liberdade” e, não por acaso, sempre nos deparamos com um tipo de censura e, quando isso acontece, a charge é um dos primeiros alvos. Pela sua facilidade de entendimento e apelo visual, a charge consegue um alcance, ás vezes, maior que uma matéria, por isso ela é temida. 

Sua exoneração da Casa Ziraldo de Cultura em 2012 rendeu charges de seus amigos cartunistas. Como foi ver a inversão de papéis, com você sendo o “personagem principal” das charges? 
- A charge é uma sátira, ou seja, uma maneira de criticar ou se opor aos acontecimentos ou pessoas. 
A minha exoneração aconteceu de forma desrespeitosa, diria até, covarde! Faltaram, com o respeito não somente a mim, mas, sobretudo ao trabalho ali realizado, o que a Casa Ziraldo de Cultura representa pra nossa comunidade e ao homenageado, que dá ao nome aquele espaço. 
Um ato sem razão de ser, movido por interesses meramente políticos. Porém, o fato instigou a revolta de cartunistas brasileiros e do exterior, que assim como eu, ficaram perplexos com a notícia. Iniciou-se assim, um manifesto a favor da cultura, do trabalho realizado por mim frente a Casa de Cultura Ziraldo. 
A indignação se espalhou e foi reproduzida em sites e publicações em vários países. Isso amenizou um pouco a minha decepção e tristeza. Então, ao contrário de outros “personagens” abordados em charges por ações desabonadoras, me senti confortado, recebendo tantas manifestações de apoio. 
Vale recordar que contei também com o carinho dos caratinguenses, tanto nas redes sociais, como nas ruas. Olhando por este lado, posso dizer, "o tiro saiu pela culatra" (risos).

Artista vira tema de charge após exoneração da
Casa Ziraldo de Cultura - Autor: Samuca / Recife (PE)

Mas sua atividade não se resume a charge. Sua atividade cultural em nossa cidade é intensa. 
- Verdade. Tenho no currículo um leque de realizações. Sempre tive muita iniciativa para promover coisas novas. Ainda bem garoto, eu montava um circo no quintal de casa e organizava campeonatos de futebol. Aos 17 anos, realizei cinco campeonatos de futebol de botão com regras e mesas oficiais, além da edição de um jornalzinho com as notícias das partidas. 
Fui editor fundador do Jornal “A Semana” e da revistinha infantil “O Pimpolho”. 
Participei ativamente da efervescência dos nossos carnavais na década de 80 como carnavalesco, compositor e mestre-sala do bloco “Doidim Paquerê” e com a “Banda Alô Mamãe”. 
De lá pra cá, foram centenas de trabalhos. Atualmente, conciliando com as que ações que promovo na Casa Ziraldo, faço outras independentes, como o “I Encontro de Carros Antigos de Caratinga”, realizado com muito sucesso recentemente. 
Somam se aqui, publicações na mídia nacional, as minhas andanças Brasil afora com meus trabalhos, oficinas, palestras, exposições e livros.

Palestras e oficinas em Escolas de Caratinga e região.

O que o Edra ainda quer realizar daqui pra frente? 
- A gente sempre pode realizar mais! Tenho muitos planos para o futuro. É uma pena que a cultura, a arte, o artista não sejam valorizados em nosso país. 
Não bastasse a falta de incentivo, ainda temos que lidar com muitos obstáculos. É necessário que alguns segmentos de nossa sociedade enxerguem, não só o trabalho realizado até aqui, como também, este personagem que vos fala, com outras lentes. 
O potencial do artista não se restringe a arte. Mesmo alcançando sucesso no que me proponho, mesmo com toda credibilidade adquirida ao longo de tantos projetos importantes, certas pessoas insistem em não enxergar o lado empreendedor, a capacidade de gerenciamento, poder de aglutinação e visão. 
Nós, artistas, queremos contribuir, participar das decisões e discussões que interferem na vida de todos. Somos, antes de tudo, cidadãos. Não sou eu, o único a perder com essa visão míope. Perdemos todos! Boa parte das coisas que realizo hoje, estavam em meus planos desde garoto. 
Eu ficava ansioso para ganhar mais idade para poder colocá-los em prática. Hoje lamento que, com um turbilhão de planos ainda na minha mente, o tempo já não esteja mais a meu favor. O desejo de realizar muitos outros projetos que estão no meu velho caderno de anotações, continua. Mas confesso, às vezes, dá vontade de chutar o balde e tomar outro rumo. 

 Você se considera reconhecido em sua cidade?
- A tendência é que as pessoas deem mais valor aos artistas que moram fora, em detrimento daqueles que optam por ficar na sua terra natal. Acho que aqui, cabe a máxima “santo de casa não faz milagre”. Mas me sinto reconhecido em Caratinga, sim. O caratinguense respeita e admira o meu trabalho, me trata com muito carinho e muito das vezes o que o artista mais quer é este afago. O reconhecimento é o combustível de todo artista. É por isso, cheio de sonhos, abasteço o velho caderno, e mesmo que não consiga realizar todos, ainda assim, terá valido a pena!

Homenagem em desfile de aniversário da cidade.

Fonte: Diário de Caratinga de 3 de agosto de 2014